Mediadores de clubes indicam leituras para a quarentena

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Leia Mulheres Joinville discutindo "A casa dos espíritos", da Isabel Allende, em fevereiro, na biblioteca do Sesc Joinville

Com o período de isolamento social, por causa do novo coronavírus, o Covid-19, clubes de leitura de Joinville e região pararam temporariamente suas atividades. Mas o hábito de leitura continua sendo estimulado pelos mediadores. “O segredo é não se cobrar. Se encaramos a leitura como obrigação, ela perde o prazer”, frisa Carlos Riegel, um dos mediadores do Clube do Livro de Jaraguá do Sul, que completa cinco anos em maio.

Francine Murara, também mediadora do clube, aponta que a concentração nesta época específica pode ter a ver com o “turbilhão de informações” que recebemos. É preciso dosá-las. “Se desconecte um pouco desse real mortífero e tente se conectar com outra realidade, das ficções, da poesia, das histórias. Elas podem te ajudar muito a lidar com essa outra história que lidamos aqui fora.”

Marcela Güther, mediadora do clube Leia Mulheres de Joinville, que completa três anos em julho, concorda com os pontos. “A leitura pode ser um escape para esse momento, como também pode fazer com que entendamos as ações e comportamentos que adotamos em momentos de crise.”

Abaixo, confira seis indicações de livros dos mediadores para o período de quarentena.

Clube do Livro de Jaraguá do Sul, em janeiro, discutindo “As cidades invisíveis”, do Italo Calvino, na biblioteca do Sesc Jaraguá do Sul

 

Francine Murara, uma das mediadoras do Clube do Livro de Jaraguá do Sul

Kallocaína (Carambaia)

Autora: Karin Boye

“Uma escrita que tem a ver com o universo intelectual da autora (em 1940), que foi oprimido por experiências difíceis ao longo de sua vida. Esse romance distópico é uma obra atemporal pois trata de um estado autoritário, onde o fundamento do sistema é a desconfiança entre as pessoas. Kallocaína, como é chamado o ‘soro da verdade’, colocará em cheque o que temos de mais secreto, de mais indizível. De mais humano.”

A vida que ninguém vê (Arquipélago)

Autora: Eliane Brum

“Livro de crônicas que procura o extraordinário de cada vida comum. Um mergulho de Eliane Brum nos acontecimentos de vidas de pessoas reais que não são notícias, pessoas anônimas. O mendigo que jamais pediu alguma coisa. O carregador de malas que nunca voou. O doce velhinho dos comerciais que é também vítima do holocausto. Ao final, descobrimos que algo em nós reverbera também nos outros. Nesse momento de preocupação social, estamos percebendo que dependemos uns dos outros, precisamos ver essa vida que ninguém vê.”

Carlos Riegel, um dos mediadores do Clube do Livro de Jaraguá do Sul

Ricardo e Vânia (Todavia)

Autor: Chico Felliti

“Um livro emocionante que humaniza seus personagens e nos traz uma importante reflexão sobre preconceitos, marginalização e sofrimento dos que não se encaixam aos padrões que são aceitos e chamados de normais pela sociedade. Super indicado no momento em que vivemos.”

Madalena, Alice (Nós)

Autora: Bia Barros

“Uma história dividida em duas partes. Uma mãe com Alzheimer e seus últimos fragmentos de memórias. Uma filha, que cuida de sua mãe e tenta não entrar numa espiral de loucura e destruição. Uma voz literária potente e de enorme impacto.”

Marcela Güther, mediadora do Leia Mulheres Joinville

Esboço (Todavia)

Autora: Rachel Cusk

“Foi a minha primeira leitura da quarentena e uma das melhores do ano. A história tem como protagonista uma escritora, que vai a Atenas ministrar um curso de criação literária. Desde a viagem, no avião, nas aulas e nos bares, com todas as pessoas que ela encontra, existem diálogos livres sobre o íntimo de cada interlocutor: suas fantasias, desejos, ansiedades, relacionamentos interrompidos, famílias, dilemas da maternidade e encruzilhadas profissionais. Não há clímax: o êxito do livro está nas conversas sobre fatos da vida comum. E é pelos diálogos dos outros que vamos conhecendo um pouco mais sobre a personagem central.”

A cidade solitária (Rocco)

Autora: Olivia Laing

“A escritora relata, entre referências de especialistas e fatos de sua vida pessoal, a nossa relação com a solidão e seu significado, refletindo sobre o estabelecimento de conexões entre indivíduos e a necessidade de envolvimento íntimo. A cidade solitária em questão é Nova York, e a autora começa a explorá-la por meio da arte. Para isso, ela analisa as biografias e obras de artistas como Edward Hopper e Andy Warhol, observando como eles abraçaram o tema, direta e indiretamente. Uma bela reflexão sobre esse estado intrínseco ao ser humano que nos intriga e nos inspira.”

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